segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Oração à Nossa Senhora de La Salete




Lembrai-vos, ó Nossa Senhora da Salete, das lágrimas que derramastes no Calvário.
Lembrai-vos também dos angustiosos cuidados que tendes por mim para livrai-me da justiça de Deus.
Depois de terdes demonstrado tanto amor por mim, não podeis abandonar-me.
Animado(a) por este pensamento consolador, venho lançar-me ao vossos pés, apesar de minhas infidelidades e ingratidões.
Não rejeiteis minha oração, ó Virgem reconciliadora, mas atendei-me e alcançai-me a graça de que tanto necessito.

Ajudai-me a amar a Jesus sobre todas as coisas.

Eu quero enxugar as vossas lágrimas por meio de uma vida santa e assim merecer um dia viver convosco e desfrutar a felicidade eterna do céu. Amém.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Os sete dons do Espírito Santo

Os sete dons do Espírito Santo


Revista “PERGUNTE E RESPONDEREMOS”
D. Estevão Bettencourt, osb
Revista nº. 479, Ano 2002, Pág. 163.

Vida espiritual do cristão:

OS DONS DO ESPÍRITO SANTO

Em síntese: Os dons do Espírito Santo são como “receptores” aptos a captar os impulsos do Espírito mediante os quais o cristão se encaminha para a perfeição em estilo novo ou com a eficácia que o próprio Deus lhe confere. Possibilitam ao cristão ter a intuição profunda do significado das verdades reveladas por Deus assim como de cada criatura. Proporcionam também tomadas de atitude que nem a razão natural nem as virtudes humanas, sujeitas sempre a hesitações e falhas, conseguiriam indicar ou efetivar.

Para ilustrar o que são os dons, pode-se recorrer à imagem de um barco que navega: se é movido a remos, avança lenta e penosamente, com grande esforço para os remadores. Caso, porém, estes desdobram as velas do barco para que capte o sopro dos ventos favoráveis, os remadores descansam e o barco progride em estilo novo segundo velocidade “sobre-humana”. - Ora o barco movido ao sopro do vento que bate contra as velas, é imagem do cristão impelido pelo Espírito, segundo medidas divinas, para a meta da sua santificação.

Os dons do Espírito Santo são sete, segundo a habitual recensão dos teólogos: sabedoria, entendimento, ciência, conselho, fortaleza, piedade, temor de Deus. Para se beneficiar da ação do Espírito Santo, o cristão deve dispor-se de duas maneiras principais: a) cultivando o amor, pois é o amor que propicia afinidade com Deus e, por conseguinte, torna o cristão apto a ser movido pelo Espírito de Deus; b) procurando jamais dizer um Não consciente e voluntário às inspirações do Espírito. Quem se acostuma a viver assim, cresce mais velozmente na sua estatura definitiva e se configura mais fielmente ao Cristo Jesus.

* * *

Em nossos dias a renovação da oração e da espiritualidade cristãs apela freqüentemente para a ação do Espírito Santo nos corações. Muitos fiéis se tornam conscientes de que “ninguém pode dizer “Jesus Cristo é o Senhor” senão sob a moção do Espírito Santo” (cf. 1Cor 12, 3), sabem cada vez mais que “todos os que são movidos pelo Espírito de Deus, são filhos de Deus" (cf. Rm 8, 14). A consciência destas verdades vem despertando cada vez mais a atenção para a teologia espiritual. É, pois, oportuno procurarmos conhecer melhor as maneiras como o Espírito Santo age nos corações, descrevendo os seus dons e o significado destes na vida dos filhos de Deus.

1. Que são os dons do Espírito Santo?

1. Do inicio, é preciso propor a distinção que a Teologia costuma fazer entre dons e carismas (embora a palavra charisma em grego significa dom).

Por carismas entendem-se graças especiais pelas quais o Espírito Santo torna os cristãos aptos a tarefas e funções que contribuem para o bem ou o serviço da comunidade: assim seriam o dom de profecia, o das curas, o das línguas, o da interpretação das línguas... Os carismas têm por vezes (não sempre) índole extraordinária, como no caso de certas curas ou da glossolalia.

Por dons compreendem-se faculdades outorgadas ao cristão para seguir mais seguramente os impulsos do Espírito no caminho da perfeição espiritual. Os dons e seus efeitos são discretos, não chamando a atenção do público por façanhas portentosas.

2. Para entender melhor o que sejam os dons do Espírito, recorramos a uma analogia:

Quando uma criança nasce para a vida presente, é dotada por Deus de tudo que é necessário à sua existência humana: recebe, sim, um organismo completo e uma alma portadora de faculdades típicas do ser humano. Como se compreende, esse conjunto ainda não esta plenamente desenvolvido quando o bebê vem ao mundo, mas é certo que a criança possui tudo que constitui a pessoa humana.

Ora algo de análogo se dá na vida espiritual. Diz-nos Jesus que renascemos da água e do Espírito Santo pelo batismo (cf. Jo 3, 5). Este renascer importa receber uma vida nova, a vida dos filhos de Deus, trazida pela graça santificante. Essa vida nova tem suas faculdades próprias, que são:

1) as virtudes infusas

a) teologais (fé, esperança, caridade): virtudes que nos põem em contato imediato com Deus;

b) morais (prudência, justiça, temperança, fortaleza): virtudes que orientam o comportamento do cristão frente aos valores deste mundo;

2) os dons do Espírito Santo, "receptáculos" próprios para captar as moções do Espírito Santo.

Importa salientar bem a diferença entre as virtudes infusas e os dons do Espírito Santo.

As virtudes infusas são ditas infusas porque não adquiridas pelo homem. São princípios de reta outorgados ao cristão juntamente com a graça santificante, para que se comporte não apenas como ser racional, mas como filho da Deus, elevado a ordem sobrenatural1. Os critérios de conduta do cristão são as grandes verdades da fé ou da ordem sobrenatural (que nem sempre coincidem com os da razão); por isto é que, ao renascer como filho de Deus, todo homem recebe os respectivos princípios de conduta nova, que são as virtudes infusas. Destas, três se orientam diretamente para Deus (a fé, a esperança e a caridade) e quatro se orientam para o reto uso dos bens deste mundo (prudência, justiça, temperança, fortaleza). Quando o cristão age mediante as virtudes infusas, é ele mesmo quem age segundo moldes humanos, limitados, lutando contra os obstáculos que geralmente a prática do bem encontra; de maneira lenta e trabalhosa o cristão cresce na fé, na caridade, na temperança, na fortaleza..., estando sempre sujeito a contradizer-se ou a cometer um ato incoerente com tais virtudes.

É sobre este fundo de cena que se devem entender os dons do Espírito Santo. Estes podem ser comparados a faculdades novas ou “antenas” que nos permitem apreender moções do Espírito Santo em virtude das quais agimos segundo um estilo novo, certeiro, firme, sem hesitação alguma e com toda a clarividência. Esta afirmação pode-se tornar mais clara mediante algumas comparações:

a) Imaginemos um barco que navega a remos... Adianta-se lentamente e com grande esforço e fadiga por parte dos remadores. Caso, porém, este barco tenha velas dobradas, admitamos que os remadores resolvam desdobrá-las, a fim de captar o vento que lhes é favorável. Em conseqüência, os marujos deixarão de remar, e o mesmo barco será movido a velocidade “sobre-humana”, de maneira nova a muito mais veloz do que quando movido a remos.

Ora o "mover-se a remos" corresponde ao esforço humano (sempre prevenido pela graça) para progredir na prática do bem mediante as virtudes infusas. O “deixar-se mover pelo vento que bate nas velas desdobradas", corresponde ao progresso provocado pela ação direta do Espírito Santo, que move os seus dons (= velas) em nós; progredimos então muito mais rapidamente segundo um estilo novo.

b) Eis outra comparação: admitamos um pintor genial que se dispõe a realizar uma obra-mestra. Para iniciar, ele confia aos discípulos mais adiantados o trabalho de preparar a tela, combinar as cores e esquematizar o quadro. Quando tudo está preparado e começa a parte mais importante da obra, o próprio mestre traça as linhas finíssimas de sua obra, revelando o seu gênio e cristalizando a sua inspiração. - De maneira análoga, o Espírito traça no íntimo de cada cristão a imagem do Cristo Jesus. Os inícios desta tarefa, Ele os realiza mediante a nossa colaboração, permitindo-nos agir segundo os nossos moldes humanos (ou mediante as virtudes infusas). Quando, porém, se trata dos traços mais típicos do Cristo na alma humana, o próprio Espírito assume a tarefa da os delinear utilizando instrumentos especialmente finos a preciosos, que são seis dons.

Exemplificando, diremos: o homem prudente que, para a orientação de seus atos, só dispusesse de suas qualidades naturais e da virtude infusa da prudência, acertaria realmente, mas com grande lentidão, depois de várias tentativas. A prudência humana é insegura e tímida, mesmo quando acerta. - Ao contrário, quem age sob o influxo do dom do conselho, que corresponde à virtude da prudência, descobre de maneira rápida, certeira e firme o que deve fazer em cada caso.

Eis outro exemplo: quando o cristão se eleva, pela luz da fé, ao conhecimento de Deus, ele o faz de maneira imperfeita e laboriosa, recorrendo a imagens que são, ao mesmo tempo, claras e obscuras. - Dado, porém, que o cristão seja movido pelo Espírito mediante os dons de sabedoria e inteligência, ele contempla Deus e seu plano salvífico numa lúcida concatenação de idéias em poucos instantes e com grande sabor espiritual (em vez dos esforços exigidos pela virtude da fé).

As normas das virtudes são diferentes das normas dos dons. Quem age sob o influxo das virtudes, segue a norma do homem iluminado pela luz de Deus. Mas quem age sob o influxo dos dons do Espírito, segue a norma do próprio Deus participada ao homem.

3. Note-se que os dons do Espírito não são privilégio dos santos. Todos os cristãos os recebem no Batismo. Nem são necessários apenas às grandes obras, mas tornam-se indispensáveis à santificação do cristão mesmo na vida cotidiana.

O cristão pode permitir cada vez mais a ação do Espírito Santo em sua vida mediante os dons, caso se dedique especialmente ao cultivo das virtudes (principalmente da caridade) e se torne mais e mais dócil às inspirações do Espírito Santo. A prática do amor é importante, pois é o amor que nos comunica particular afinidade com Deus, adaptando-nos ao modo de agir do próprio Deus.

Procuramos agora penetrar no sentido próprio de cada um dos dons do Espírito.

2. Os dons em particular

A Tradição cristã costuma enunciar sete dons do Espírito, baseando-se no texto de Is 11,1-3 traduzido para o grego na versão dos LXX:

"(1)Brotará uma vara do tronco de Jessé
E um rebento germinará das suas raízes.
(2)E repousará sobre ele o espírito do Senhor:
Espírito de sabedoria e entendimento,
Conselho e fortaleza,
Ciência e temor de Deus,
(3)Piedade..."

O texto original hebraico, em lugar de piedade, dá a ler; "Sua inspiração estará no temor do Senhor". Enumerando seis ou sete dons do Espírito, o texto bíblico não tenciona esgotar a realidade dos mesmos: estes são tantos quantos se fazem necessários para que o Espírito leve o cristão à perfeição definitiva. Os sete dons enumerados pelo texto dos LXX e pela Tradição vêm a ser, sem dúvida, os principais. Distingamo-los de acordo com a faculdade humana em que cada qual se situa:

Intelecto: ciência, entendimento, sabedoria, conselho.

Vontade: piedade.

Apetite irascível: fortaleza.

Apetite de cobiça: temor de Deus.

Passemos agora à análise de cada qual de per si.

2.1. Ciência

A ciência humana perscruta o universo e seus fenômenos, procurando as causas imediatas destes e concatenando-as entre si para ter uma explicação mais ou menos clara da realidade.

Ora o dom da ciência, embora não defina a natureza e as propriedades físicas ou químicas de cada criatura, faz que o cristão penetre na realidade deste mundo sob a luz de Deus, vê cada criatura como reflexo da sabedoria do Criador e como aceno ao Supremo Bem.

Mais: o dom da ciência leva o homem a compreender, de um lado, o vestígio de Deus que há em cada ser criado, e, de outro lado, a exigüidade ou insuficiência de cada qual.

Vestígio de Deus... São Francisco de Assis soube ouvir e proclamar o canto das criaturas ao Senhor. As flores, as aves, a água, o fogo, o sol... tudo lhe era ocasião de contemplar e amar a Deus.

Exigüidade... Toda criatura, por mais bela que seja, é sempre limitada e insuficiente para o coração humano. Este foi feito para o Bem infinito e só neste pode repousar. Percebendo isto após uma vida leviana, muitos homens e mulheres se converterem radicalmente a Deus. Tal foi o caso de S. Francisco Borja (+ 1572), que ao contemplar o cadáver da rainha Isabel, exclamou: "Não voltarei a servir a um senhor que possa morrer!" Tal foi outrossim o caso de S. Silvestre (+ 1267)... Estes cometeram a "loucura" de tudo deixar a fim de possuir mais plenamente uma só coisa: o Reino de Deus ou a presença do próprio Deus.

O dom da ciência ensina também a reconhecer melhor o significado do sofrimento e das humilhações; estes “contra-valores”, no plano de Deus, têm o valor de escola que liberta e purifica o homem. Configuram o cristão a Jesus Cristo, concedendo-lhe um penhor de participação na glória do próprio Senhor Jesus. Se não fora o sofrimento, muitos e muitos homens não sairiam de sua estatura anã e mesquinha,... nunca atingiriam a plenitude do seu desenvolvimento espiritual.

São estes alguns dos frutos do dom da ciência.

2.2. Entendimento ou inteligência

A palavra “inteligência” é, segundo alguns, derivada de intellegere = intuslegere, ler dentro, penetrar a fundo.

Na ordem natural, entendemos (intelligimus) quando captamos o âmago de alguma realidade. Na linha da fé, paralelamente entender é penetrar, ler no íntimo das verdades reveladas por Deus, é ter a intuição do seu significado profundo. Pelo dom do entendimento, o cristão contempla com mais lucidez o mistério da SS. Trindade, o amor do Redentor para com os homens, o significado da S. Eucaristia na vida cristã....

A penetração outorgada pelo dom da inteligência (ou do entendimento) difere daquela que o teólogo obtém mediante o estudo; esta é relativamente penosa e lenta; além do que, pode ser alcançada por quem tenha acume intelectual, mesmo que não possua grande amor. Ao contrário, o dom da inteligência é eficaz mesmo sem estudo; é dado aos pequeninos e ignorantes, desde que tenham grande amor a Deus.

Para ilustrá-lo, conta-se que um irmão leigo franciscano disse certa vez a S. Boaventura (+ 1274), o Doutor Seráfico: “Felizes vós, homens doutos, que podeis amar a Deus muito mais do que nós, os ignorantes!” Respondeu-lhe Boaventura: “ Não é a doutrina alcançada nos livros que mede o amor, uma pobre velha ignorante pode amar a Deus mais do que um grande teólogo, se estiver unida a Deus”. O irmão compreendeu a lição e saiu gritando pelas ruas: “Velhinha ignorante, você pode amar a Deus mais do que o mestre Frei Boaventura!”

O irmão dizia a verdade. Na ordem natural, é compreensível que o amor brote do conhecimento. Na ordem sobrenatural, porém, pode acontecer o inverso: é o amor que abre os olhos do conhecimento. Os que mais amam a Deus, são os que mais profundamente dissertam sobre Ele.

Como frutos do dom do entendimento, podemos enunciar as intuições das verdades da fé que são concedidas a muitos cristãos durante o seu retiro espiritual ou no decurso de uma leitura inspirada pelo amor a Deus. O “renascer da água e do Espírito", a imagem da videira e dos ramos, o “seguir a Cristo” tomam então clareza nova, apta a transformar a vida do cristão.

O dom do entendimento manifesta também o horror do pecado e a vastidão da miséria humana. Por mais paradoxal que pareça, é preciso observar que os santos, quanto mais se aproximaram de Deus (ou quanto mais foram santos), tanto mais tiveram consciência do seu pecado ou da sua distância daquele que é três vezes santo.

Em suma, o dom do entendimento faz ver melhor a santidade de Deus, a infinidade do seu amor, o significado dos seus apelos e também... a pobreza, não raro mesquinha, da criatura que se compraz em si mesma, em vez de aderir corajosamente ao Criador.

2.3. O dom da sabedoria

Na ordem natural do conhecimento, a inteligência humana não se contenta com noções isoladas, mas procura reunir suas concepções numa síntese sistemática, de modo a concatená-las numa visão harmoniosa. A mente humana procura atingir os primeiros princípios e as causas supremas de toda a realidade que ela conhece.

Ora a mesma sistematização harmoniosa ocorre também na ordem sobrenatural. O dom da ciência e o entendimento já proporcionam uma penetração profunda no significado de cada criatura e de cada verdade revelada respectivamente; oferecem também uma certa síntese dos objetos contemplados, relacionando-os com o Supremo Senhor, que é Deus. Todavia o dom que, por excelência, efetua essa síntese harmoniosa e unitária, é o da sabedoria. Esta abrange todos os conhecimentos do cristão e os põe diretamente sob a luz de Deus, mostrando a grandeza do plano do Criador e a insondabilidade da vida daquele que é o Alfa e o Ômega de toda a criação.

Mais: o dom da sabedoria não realiza a síntese dos conhecimentos da fé em termos meramente intelectuais. Ele oferece um conhecimento sápido ou saboroso da verdade1 ...Saboroso ou deleitoso, porque se deriva da experiência do próprio Deus feita pelo cristão ou da afinidade que o cristão adquire com o Senhor pelo fato de mais a mais amar a Deus. Uma comparação ajudará a compreender tal proposição: para conhecer o sabor de uma laranja, posso consultar, intelectual e cientificamente, os tratados de Botânica; terei assim uma noção aproximada do que seja esse sabor. Mas a melhor via para conseguir o objetivo será, sem dúvida, a experiência da própria laranja que se faz pelo paladar. Os resultados do estudo meramente intelectual são frios e abstratos, ao passo que as vantagens da experiência são concretas e saborosas.

Ora, na verdade, os dons da ciência e do entendimento fazem-nos conhecer principalmente por via de amor ou de afinidade com Deus. Todavia é o dom da sabedoria que, por excelência, resulta dessa conaturalidade ou familiaridade com o Senhor. Ele se exerce na proporção da íntima união que o cristão tenha com o Senhor Deus. “O dom da sabedoria faz-nos ver com os olhos do Bem-amado”, dizia um grande místico; a partir da excelsa atalaia que é o próprio Deus, contemplamos todas as coisas quando usamos o dom da sabedoria.

Estas verdades dão a ver quanto nesta vida importa o amor de Deus. É este que propicia o conhecimento mais perspicaz e saboroso do mesmo Deus (o que não quer dizer que se possa menosprezar o estudo, pois, se o Criador nos deu a inteligência, foi para que a apliquemos à verdade por excelência, que é Deus). Aliás, observam muito a propósito os teólogos: veremos a Deus face-a-face por toda a eternidade na proporção do amor com que o tivermos amado nesta vida. O grau do nosso amor, na hora da morte, será o grau da nossa visão de Deus na vida eterna ou por todo o sempre. É por isto que se diz que o amor é o vínculo ou o remate da perfeição (cf. Cl 3, 14). “No ocaso de sua vida, cada um de nós será julgado na base do amor”, diz S. João da Cruz.

2.4. Conselho

Afirmam os teólogos que Deus não deixa faltar às suas criaturas o que lhes é necessário, nem é propenso a dons supérfluos, pois Deus tudo faz com número, peso e medida (cf. Sb 11, 20). Em tudo resplandece a sua sabedoria. Por isto é que Deus é providente, ou seja, Ele providencia os meios para que cada criatura chegue retamente ao seu fim devido.

Ora acontece que, para realizarmos determinada atividade, exercemos um processo mental que tem por objetivo examinar cuidadosamente não só a conveniência dessa atividade, mas também todas as circunstâncias em que ela se deve desenrolar. Muitas vezes esse processo se efetua sem que dele tomemos plena consciência. Quanto, porém, nos vemos diante de uma tarefa rara ou mais exigente do que as de rotina, o processo deliberativo é mais intenso e, por isto, se torna mais consciente; a mente se esforça por ver claro e fazer a opção mais adequada, sem que, porém, o consiga de imediato. Não raro é necessário recorrer ao conselho de outra pessoa mais experimentada.

É por efeito da virtude (natural e infusa) da prudência que cada cristão delibera sobre o que deve e não deve fazer. É a prudência que avalia os meios em vista do respectivo fim.

Pois bem. Em correspondência à virtude da prudência, existe um dom do Espírito Santo, chamado “dom do conselho”. Este permite ao cristão tomar as decisões oportunas sem a fadiga e a insegurança que muitas vezes caracterizam as deliberações da virtude da prudência. Esta por si não basta para que o cristão se comporte à altura da sua vocação de filho de Deus,... vocação que exige simultaneamente grande cautela ou circunspecção e extrema audácia ou coragem. Nem sempre a virtude humana entrevê nitidamente o modo de proceder entre polos antitéticos. A criatura, limitada como é, nem sempre consegue conhecer adequadamente o momento presente, menos ainda é apta a prever o futuro e – ainda – sente dificuldade em aplicar os conhecimentos do passado à compreensão do presente e ao planejamento do futuro. É preciso, pois, que o Espírito Santo, em seu divino estilo, lhe inspire a reta maneira de agir no momento oportuno e exatamente nos termos devidos.

Assim o dom do conselho aparece como um regente de orquestra que coordena divinamente todas as faculdades do cristão e as incita a uma atividade harmoniosa e equilibrada. Imagine-se com que circunspecção (cautela e audácia) um maestro rege os múltiplos instrumentos de sua orquestra: assinala a cada qual o momento preciso em que deve entrar e os matizes que deve dar à sua melodia. Assim faz o Espírito mediante o dom do conselho em cada cristão.

Diz a Escritura que há um tempo exato para cada atividade1;

fora desse momento preciso, o que é oportuno pode tornar-se inoportuno.

Ora nem sempre é fácil discernir se é oportuno falar ou calar, ficar ou partir, dizer Sim ou dizer Não. Nem as pessoas prudentes, após muito refletir, conseguem definir com segurança o que convém fazer. Ora é precisamente para superar tal dificuldade que o Espírito move o cristão mediante o dom do conselho.

2.5. Piedade

Todo homem é chamado a viver em sociedade, relacionando-se com Deus e com os seus semelhantes. Requer-se que esse relacionamento seja reto ou justo. Por isto a virtude da justiça rege as relações de cada ser humano, assumindo diversos nomes de acordo com o tipo de relacionamento que ela deve orientar: é justiça propriamente dita, sempre que nos relacionamos com aqueles a quem temos uma dívida rigorosa; a justiça se torna religião desde que nos voltemos para Deus; é piedade, se nos relacionamos com nossos pais, nossa família ou nossa pátria; é gratidão, em relação aos benfeitores.

Ora há um dom do Espírito que orienta divinamente todas as relações que temos com Deus e com o próximo, tornando-as mais profundas e perfeitas: é precisamente o dom da piedade. São Paulo implicitamente alude a este dom quando escreve: “Recebestes o espírito de adoção filial, pelo qual bradamos: “Abá, ó Pai” (Rm 8, 15). O Espírito Santo, mediante o dom da piedade, nos faz, como filhos adotivos, reconhecer Deus como Pai.

E, pelo fato de reconhecermos Deus como Pai, consideramos as criaturas com olhar novo, inspirado pelo mesmo dom da piedade..

Examinemos de mais perto os efeitos do dom da piedade.

Frente a Deus ele nos leva a superar as relações de “dar e receber” que caracterizam a religiosidade natural; leva a não considerar tanto os benefícios recebidos da parte de Deus, mas, muito mais, o fato de que Deus é sumamente santo e sábio: “Nós vos damos graças por vossa grande glória”, diz a Igreja no hino da Liturgia eucarística; é, sim, próprio de um filho olhar a honra e a glória de seu pai, sem levar em conta os benefícios que ele possa receber do mesmo. É o dom da piedade que leva os santos a desejar, acima de tudo, a honra e a glória de Deus “... para que em tudo seja Deus glorificado”, diz São Bento, ao passo que S. Inácio de Loiola exclama: “... para a maior glória de Deus”. É também o dom da piedade que desperta no cristão viva e inabalável confiança em Deus Pai,... confiança e entrega das quais dá testemunho S. Teresinha de Lisieux na sua doutrina sobre a infância espiritual.

O dom de piedade não incita os cristãos apenas a cumprir seus deveres para com Deus de maneira filial, mas leva-os também a experimentar interesse fraterno para com todos os seus semelhantes. Típico exemplo deste sentimento encontra-se na vida de S. Francisco de Assis: quando este, certo dia, sonhando com as glórias de um cavaleiro medieval, avistou um leproso, sentiu-se impelido a superar qualquer repugnância e a dar-lhe o ósculo que exprimia a fraternidade de todos os homens entre si.

O dom de piedade, tornando o cristão consciente de sua inserção na família dos filhos de Deus, move-o a ultrapassar as categorias do direito e do dever, a fim de testemunhar uma generosidade que não regateia nem mede esforços desde que sirva aos irmãos. É o que manifesta o Apóstolo ao escrever: “Quanto a mim, de bom grado me despenderei, e me despenderei todo inteiro, em vosso favor” (2Cor 12, 15).

2.6. Fortaleza

A fidelidade à vocação cristã depara-se com obstáculos numerosos, alguns provenientes de fora do cristão; outros, ao contrário, do seu íntimo ou das suas paixões. Por isto diz o Senhor que “o Reino dos céus sofre violência dos que querem entrar, e violentos se apoderam dele” (Mt 11, 12).

Ora, em vista da necessidade de coragem e magnanimidade que incumbe ao cristão, o Espírito lhe dá o dom da fortaleza. Esta nem sempre consiste em realizar vultosas e admiradas pelo público, mas não raro implica paciência, perseverança, tenacidade, magnanimidade silenciosas... Pelo dom da fortaleza, o Espírito impele o cristão não apenas àquilo que as forças humanas podem alcançar, mas também àquilo que a força de Deus atinge. É essa força de Deus que pode transformar os obstáculos em meios; é ela que assegura tranqüilidade e paz mesmo nas horas mais tormentosas. Foi ela que inspirou a S. Francisco de Assis palavras tão significativas quanto estas: “Irmão Leão, a perfeita alegria consiste em padecer por Cristo, que tanto quis padecer por nós”.

2.7. Temor de Deus

Para entender o significado desde dom, distingamos diversos tipos de temor: a) o temor covarde ou da covardia; b) o temor servil ou do castigo; c) o temor filial. Este consiste na repugnância que o cristão experimenta diante da perspectiva de poder-se afastar de Deus; brota das próprias entranhas do amor. Não se concebe o amor sem este tipo de temor.

Com outras palavras: as virtudes afastam, sim, o cristão do pecado, ajudando-o a vencer as tentações. Isto, porém, acontece através de lutas, hesitações e, não raro, deficiências. Ora pelo dom do temor de Deus a vitória é rápida e perfeita, pois então é o Espírito que move o cristão a dizer Não à tentação.

O dom do temor de Deus se prende inseparavelmente à virtude da humildade. Esta nos faz conhecer nossa miséria; impede a presunção e a vã glória, e assim nos torna conscientes de que podemos ofender a Deus; daí surge o santo temor de Deus. O mesmo dom também se liga à virtude da temperança; esta modera a concupiscência e os impulsos desordenados do coração; com ela converge o temor de Deus, que, por impulso de ordem superior, modera os apetites que poderiam ofender a Deus.

Os santos deram provas sensíveis de santo temos de Deus. Tenha-se em vista S. Luís de Gonzaga, que, conforme se narra, derramou copiosas lágrimas certa vez quando teve que confessar suas faltas,... faltas que, na verdade, dificilmente poderiam ser tidas como pecados. Para o santo, essas pequeninas faltas eram sinais do perigo de poder um dia afastar-se de Deus. Ora, para quem ama, qualquer perigo deste tipo tem importância.

Eis, em grandes linhas, o significado dos dons do Espírito Santo na vida cristã. São elementos valiosos para o progresso interior, elementos que o Espírito mais e mais utiliza, se o cristão procura amar realmente a Deus e ao próximo e jamais dizer um Não consciente às inspirações da graça.

(1) Sobrenatural não quer dizer portentoso ou maravilhoso, mas designa o que ultrapassa as exigências de qualquer natureza criada,... o que é dado gratuitamente por Deus. É sobrenatural, portanto, a elevação do homem à filiação divina ou à comunhão de vida com o próprio Deus a fim de chegar à visão de Deus face-a-face.

(1) A palavra sabedoria vem do saber, derivado do verbo latino sapere, que significa “ter gosto de...” – O vocábulo português sabor se origina do latino sapor, que é da mesma raiz que sapere”.

(1) Eis o texto de Ecl 3, 1-8:
“Todas as coisas têm o seu tempo, e tudo o que existe debaixo dos céus tem a sua hora.
Há tempo para nascer, e tempo para morrer.
Tempo para plantar, e tempo para arrancar o que se plantou.
Tempo para matar, e tempo para dar vida.
Tempo para destruir, e tempo para edificar.
Tempo para chorar, e tempo para rir.
Tempo para se afligir, e tempo para dançar.
Tempo para espalhar pedras, e tempo para as ajuntar.
Tempo para dar abraços, e tempo para se afastar deles.
Tempo para adquirir, e tempo para perder.
Tempo para guardar, e tempo para atirar fora.
Tempo para rasgar, e tempo para coser.
Tempo para calar, e tempo para falar.
Tempo para amar, e tempo para odiar.
Tempo para a guerra. e tempo para a paz”.


segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

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O ROSÁRIO

O ROSÁRIO

Sinal da Cruz

Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém

Oferecimento do Rosário

Divino Jesus, nós Vos oferecemos este Rosário que vamos rezar, contemplando os mistérios de nossa Redenção. Concedei-nos, pela intercessão de Maria, vossa Mãe Santíssima, a quem nos dirigimos as virtudes necessárias para bem rezá-lo e a graça de ganhar as indulgências desta santa devoção.

Credo

Creio em Deus Pai todo-poderoso, Criador do Céu e da terra; e em Jesus Cristo, seu único Filho, Nosso Senhor, que foi concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria;; padeceu sob Pôncio Pilatos; foi crucificado, morto e sepultado; desceu à mansão dos mortos. Creio no Espírito Santo, na Santa Igreja Católica, na comunhão dos Santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne, na vida eterna. Amém.

Pai Nosso

Pai Nosso que estais no Céu, santificado seja o vosso Nome; venha a nós o vosso Reino, seja feita a vossa vontade assim na terra como no Céu. O pão nosso de Cada Dia nos daí hoje; perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido, e não nos deixei cair em tentação, mais livrai-nos do mal Amém.

Três Ave-Marias

Louvemos a Maria, Filha bem-amada do Pai Eterno: Ave-Maria. . .
Louvemos a Maria, Mãe admirável de Deus Filho: Ave-Maria. . .
Louvemos a Maria, Esposa fidelíssima do Espírito Santo: Ave-Maria. . .

Ave Maria

Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco; bendita sois Vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém.

Glória

Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Como era no princípio agora e sempre. Amém.

Jaculatória

Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o Céu e socorrei as que mais precisarem.

Mistérios da Alegria (Segundas e Sábados)

I - A anunciação do Arcanjo São Gabriel a Nossa Senhora (LC. 1,26-38)
II - A Visitação de Nossa Senhora à sua prima Santa Isabel (LC 1,39-56)
III - O nascimento do Menino Jesus em Belém. (Lc. 2,1-20)
IV - A Apresentação do Menino Jesus no Templo (Lc. 2,22-36)
V - O Encontro de Jesus no Templo entre os doutores da Lei. (Lc.2,41-50)

Mistérios da Luz (Quintas-Feiras)

I - O Batismo do Senhor Jesus no Rio Jordão (Mt. 3,13-17)
II - O primeiro milagre nas Bodas de Cana, a pedido de Sua mãe, transforma água em vinho (Jo 2,1-12).
III - O anúncio do Reino de Deus e o convite à conversão (Mc 1,15; Mac2, 3-13; Lc 7,47-48; Jo20 22-23)
IV - A transfiguração do Senhor Jesus no monte Tabor. ( Lc 9,35)
V - A instituição da Santíssima Eucaristia. ( Jô 13,1)

Mistérios da Dor (Terças e Sextas-Feiras)

I - A agonia de Jesus no Horto das Oliveiras (Lc 22,39-46)
II - A Sangrenta flagelação de Nosso Senhor Jesus Cristo (Mt 27,26)
III - A coroação de espinhos. (Mt 27,27-31)
IV - A subida dolorosa ao Calvário. (Lc 23,26-32)
V - A Crucificação e Morte de Jesus. (Lc 23,33-45.

Mistérios da Glória (Quartas e Domingos)

I - A Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. (Lc 24)
II - A Ascensão admirável de Jesus Cristo ao Céu (Lc 24,51-52)
III - A Vinda do espírito Santo sobre a Virgem Maria e os Apóstolos (At.2,1-13)
IV - A Assunção de Nossa Senhora ao Céu. (Lc 59)
V - A Coroação de Nossa Senhora como Rainha do Céu e da Terra (Ap 12,1)

Agradecimentos

Infinitas graças Vos damos, Soberana Rainha, pelos benefícios que todos os dias recebemos de vossas mães maternais. Dignai-vos agora e sempre, tornar-nos debaixo do vosso poderoso amparo, e para mais Vos implorar, Vos saudamos com uma Salve a Rainha.

Salve a Rainha
Salve Rainha, Mãe misericórdia vida doçura esperança nossa, salve! A vós bradamos os degredados filhos de Eva; a vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas. Ela, pois advogada nossa, esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei, e depois deste desterro mostrai-nos Jesus, bendito fruto do vosso ventre, ó clemente, ó piedosa, ó doce e sempre Virgem Maria.. V-Rogai por nós, Santa Mãe de Deus.. R-Para que sejamos dignos das Promessas de Cristo.

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Que o Senhor Jesus, por intercessão de Maria Santíssima, nos abençoe!!

terça-feira, 17 de julho de 2007

MARIA DE TODOS OS POVOS

Se existiu no mundo uma pessoa que chegou à uma intimidade absoluta com Jesus, esta pessoa foi Maria. Se querem saber qual foi a primeira pessoa no mundo a comungar, essa pessoa foi Maria.
Quando eu ainda não tinha nenhuma religião, muitas pessoas me diziam que para ser cristão era preciso aceitar Jesus. E muitas vezes eu respondia: "Quem sou eu para aceitar Jesus? Ora, eu é que peço para Ele me aceitar. mesmo que Ele não queira me aceitar, mas que ao menos se lembre de mim na hora da minha partida deste mundo.
e agora eu afirmo esta verdade, Se já existiu no mundo uma pessoa digna de aceitar Jesus, essa pessoa foi Maria com o seu
SIM à Deus: "Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a Sua Palavra."
Naquele tempo todos já sabiam que chegaria o tempo em que o Messias viria para o nosso meio para que assim Deus resgatasse o seu povo. Mas certamente o que todos esperavam era que esse Messias iria nascer em um castelo, em berço de ouro todo perfumado de incenso e de mirra; iria ser gerado no ventre de uma princesa ou rainha; que neste mundo Ele iria ser um rei, vestido de púrpura, todo elegante, e que para se falar com ele seria preciso pedir permissão aos guardas da coorte, com dia e hora marcados.
Mas ninguém esperava que Ele iria sair do ventre daquela humilde menina de Nazaré, nascer em um presépio entre cordeiros e bois. Para ensinar a todos que Deus se manifesta aos humildes, aos pobrezinhos e aos de coração puro.

Maria do silêncio - Ela quase não falava. Nos Evangelhos, muito pouco se "ouve" a voz de Maria. Todas as coisas que ela ouvia falar de Deus e de seu Filho Jesus, ela as guardava em seu coração, mas quando ela falava, estremecia. E assim ela nos ensina que é no silêncio que Jesus fala aos nossos corações.

Maria, mãe e filha - Ela tomou no colo, amamentou e ensinou o Jesus menino a pronunciar suas primeiras palavras ao mesmo tempo em que ela também era filha de seu próprio Filho.

E foi desse modo que ela também me cativou, me ensinou e me preparou para a caminhada na fé, mas só que já depois de adulto. Quando ela me chamou, eu muito pouco sabia sobre Deus, mal sabia rezar uma Ave Maria e dizer Amém. Mas ela não se importou, simplesmente disse: "...É isso mesmo. Você... Vai, e fala do amor do meu Filho Jesus para as pessoas."
Fui então à Igreja para ter uma conversa com Jesus, me arrepender diante dEle e pedir perdão por todos os meus pecados. Com certeza esta seria uma conversa muito longa. Pois imaginem o que vêm a ser 32 anos de pecados. Me ajoelhei ante a imagem de Jesus Crucificado mas me faltaram as palavras. As únicas palavras que apresentei à Ele foram o silêncio, um olhar penitente e um rosto encharcado de lágrimas.
A fase em que eu mais ouvia se falar de Maria era quando criança, então porque ela não me escolheu já bem antes, quando criança? É que quando criança nós pensamos como criança, falamos e sonhamos como criança. As vezes nossa fase de criança passa e podemos nos esquecer de tudo aquilo de mais bela que nos foi ensinado. Mas essa Mãe não se esquece de nós. Crescemos e nos tornamos adultos, mas para ela sempre seremos as mesmas crianças.
Na minha primeira Eucaristia, já com meus 33 anos, a Ministra que me deu a comunhão também se chamava Maria. E quando recebemos Jesus Eucarístico, pensam vocês que não recebemos Maria também? Pois se a Eucaristia é o Corpo e o Sangue de Jesus, e todo filho também tem um pouco do sangue de sua mãe. Ora essas!
E hoje eu vejo o rosto dessa Mãe estampado em tantas "Marias" deste mundo. Naquela que chora a morte de seu filho vítima da violência, na que sofre pelo filho drogado, na que se emociona porque o seu filho acaba de nascer, na que não se cansa de andar pelas ruas procurando e perguntando pelo filho perdido, na que tem sua filha em situação de prostituição. Enfim, Maria está junto de todas as mães que choram ao pé da cruz. E todos nós, católicos, feito crianças nos abandonamos no colo de Maria.
Dizem os antigos que quando nós chegamos lá no céu o primeiro a nos receber é São Pedro, e ele, com as chaves na mão é que nos informa se podemos ou não entrar. Se acaso acontecer de eu chegar lá e ele não quiser deixar que eu entre, a primeira coisa que eu vou fazer é sair correndo em direção a Maria, me atirar no colo dela e dizer para São Pedro: "Pronto. Agora me tira daqui, que eu quero ver!"
Enfim, seja ela Maria de Guadalupe, Maria de Fátima, Maria da Sallete, Maria de pele morena, Senhora Aparecida ou simplesmente Maria. Seja como for o modo em que cada um de nós a chamamos, ela é e sempre será a mesma Maria Mãe de Deus. Maria de Todos os Povos.


Márcio da Silva Souza


segunda-feira, 16 de julho de 2007

TERÇO DA CRUZADA

O terço da Cruzada é uma oração semelhante ao Rosário da Virgem Maria, mas que é em especial, uma oração de combate contra todas as tentações, embustes e ciladas do demônio.

MODO DE REZAR


Começa-se com a oração do CREDO, depois um PAI NOSSO, três AVE MARIAs e um GLÓRIA.
Os mistérios deste Terço são contemplados com as mesmas orações do Rosário, sendo que são diferentes os mistérios.

MISTÉRIOS DO TERÇO DA CRUZADA

PRIMEIRO MISTÉRIO: Contemplamos como Jesus nos deu um exemplo brilhante na luta contra Satanás e seu reino.

1 PAI NOSSO;
10 AVE MARIAS;
GLÓRIA;
ANTÍFONA: "levanta-se Deus, por intercessão da Bem Aventurada Virgem Maria, de São Miguel Arcanjo e de todas as Milícias Celestes. Que sejam dispersos seus inimigos. Fujam de vossa face todos os que o odeiam. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém."

SEGUNDO MISTÉRIO: Contemplamos como Jesus venceu a morte e o inferno com sua paixão e morte na Cruz.

TERCEIRO MISTÉRIO: Contemplamos a Cruz de Cristo que se tornou um sinal de terror para Satanás.

QUARTO MISTÉRIO: Contemplamos como Jesus deu à Virgem Maria o poder de esmagar a cabeça da serpente infernal.

QUINTO MISTÉRIO: Contemplamos como Jesus deu à Virgem Maria o poder sobre Satanás por todos os tempos.

Termina-se com uma SALVE RAINHA, como no Rosário.